quinta-feira, 10 de abril de 2008

A ESCOLA, SEGUNDO OS CONSERVADORES!

Vai passando algum tempo sobre os mediáticos acontecimentos na Escola Carolina Michaelis e vão escasseando os vergonhosos aproveitamentos políticos que o caso permitiu. Não só à direita, mas principalmente a Direita aproveitou para exaltar as suas tímidas marcas da ideologia conservadora.

Pela voz dos clássicos guardiões da moral e bons costumes, pugnou-se pela autoridade na escola, pela lógica de submissão de alunos face a professores, pelo regresso da farda, pela cana em riste e pelas palmadas nas mãos. O Partido Popular não hesitou, como nunca hesite nestas situações, em recuperar a frase “antigamente não era nada disto”.

O caso mais repugnante, para mim, surge publicado nas páginas do Publico, pelo punho do seu Director. A Culpa é do filme “Clube dos Poetas Mortos”. O seu conteúdo é um convite à desobediência, à desautorização do Professor. Imaginem lá um aluno agora ter vontade própria? Criatividade? Ou mesmo opinião?

Mas que raio de Escola é possível defender? Um edifico meio escuro, fechado e murado, onde os Professores não se riem e os Alunos não se riem. Onde as verdades são sempre absolutas. Onde o Mundo só passa à volta mas não entra.

A Escola é sim para ensinar, mas principalmente para formar cidadãos de corpo inteiro, que tenham opinião, que criem, que discutam, que questionem, que se interessem, que se envolvam.

Só assim a Escola será uma lugar de confiança!

Autor: José Gonçalo Fonseca

GERIR BEM É PRECISO!

Desde que foram tornados públicos os problemas financeiros com a MOVEAVEIRO, que eram conhecidos mas não a sua dimensão, fiquei perplexo ao perceber dois fenómenos.

Por um lado a passividade da gestão municipal face ao que estava a acontecer com os “seus” funcionários. Do outro lado, a incapacidade da empresa e dos seus gestores em antecipar este cenário e assim precaver a situação.

Sobre a primeira questão parece-me consensual que ninguém distingue, a não ser juridicamente, um funcionário da MoveAveiro de um funcionário de um departamento da Câmara. Se esta questão se tivesse colocado há alguns anos atrás, estaríamos a falar de um desafio para o executivo e certamente que não seria aceitável que determinado número de Colaboradores, só porque exercem tarefas num departamento que é deficitário, (quais não são?), deixassem de receber o seu salário ao final de cada mês. Mas aconteceu, vários meses seguidos.

Mas impressionante é também analisar o comportamento dos gestores da empresa. Face a uma, mais do que previsível e constatável, ruptura financeira e de tesouraria, não conseguiram encontram e antecipar os mecanismos que fizessem face à situação.

Desta forma ter-se-ia salvaguardado os interesses dos trabalhadores, que é o mais importante, mas ter-se-ia evitado também a desvalorização pública da própria empresa quando se coloca como cenário mais do que provável uma intenção de concessão.

Assim, quanto terá de pagar a Autarquia para alguém ficar com este “negócio”?

Autor: José Gonçalo Fonseca

A CULPA NÃO É DOS TELEMÓVEIS

Proibir telemóveis não é a solução para os problemas educativos que o sistema enfrenta. A democratização no acesso ao telemóvel é uma valiosa conquista da sociedade moderna, do munda da informação, da comunicação global, da mobilidade, da portabilidade, da internet. Não podemos regredir numa das mais valiosas conquistas do presente quando um desajuste no uso, faz avançar uma moral castradora das virtudes do desenvolvimento.

A maleita é bem mais profunda, para mal dos nossos pecados. O que se revelou com muita clareza, é a profunda crise de valores que alguns elementos da nossa sociedade juvenil revelam nos seus comportamentos, infelizmente ficamos com a impressão que são uma fatia significativa.

O problema não está nos telemóveis, está na própria escola, na comunidade, mais grave ainda na família. Os comportamentos, são sempre reveladores dos valores morais que os indivíduos assimilam ao longo do seu processo educativo, e quando um episódio pontual degenera numa avalanche colectiva de insultos, achincalhos, palavrões, de agitação, gravações e emissões voyeuristas, então a crise é de valores.

O que falta é respeito, autoridade, fineza, bom comportamento, sentido de solidariedade, boas maneiras, discernimento entre o bem e o mal. Proibir telemóveis não resolve, não traz estes valores á sociedade do futuro, pelo contrário.

Autor: Belmiro Couto

UM SERVIÇO PÚBLICO CONTRATADO

Quando o colectivo, seja o Estado ou a Autarquia, desenvolve uma actividade de interesse comum, sem intuito de lucro, mas antes para servir a sua população na satisfação de uma necessidade básica, estamos perante o serviço público.

A privatização de um serviço público parece por isso um contra censo, á partida, o privado só desenvolve actividades com interesse lucrativo, é essa a forma usual para se interessar por assumir o risco dos investimentos e das operações que vai empreender, por outro lado a satisfação das necessidades da população, será tão mais cumprida quanto mais vantajosa seja a relação de custo benefício que a gestão das operações pode alcançar. O valor acrescentado para o utente de um serviço será maximizado nessa relação entre custo e benefício, tanto quanto maior for a vantagem do utente. Por isso mesmo, a inclusão de uma margem de lucro, pode parecer, á partida, que vai diminuir o interesse do utente em detrimento de uma gestão privada, que vai necessariamente absorver uma margem económica na operação.

Ora a história tem demonstrado que não é assim, pois as economias alcançadas pelo rigor de uma gestão privada, regra geral, libertam uma margem suficiente para cobrir a remuneração do risco e a melhoria da qualidade do serviço prestado. A gestão olha para a margem das operações com os olhos de quem paga os custos que quer minimizar, mas ao mesmo tempo tem de satisfazer os seus utentes de quem depende o aumento das suas receitas, estes são os trunfos catalisadores da boa gestão.

Provavelmente é apenas a designação do acto que está mal aplicada: “Privatização” até parece que se trata apenas de transferir a propriedade “da coisa”, o que muitas vezes nem precisa de acontecer, nem tão pouco importa de quem é “a coisa” se o serviço estiver disponível e for bem prestado.

Se o benefício da gestão privada de facto existe, então falemos de contratação da gestão, de concessão do serviço público, de prestação de um serviço. Por último importa que na prestação de um serviço público, não se sobreponham os interesses privados acima dos colectivos, sejam eles de empresas privadas ou dos corporativismos instalados.

Autor: Belmiro Couto

quinta-feira, 3 de abril de 2008

AVEIRO SEM SOLUÇÕES?

A triste história da situação financeira da Câmara volta a ser noticia pelas mais preocupantes razões. O tribunal de contas chumbou a intenção da Câmara de se contrair um empréstimo para solucionar, no curto prazo, as situações mais dramáticas dos credores que há muito reclamam pelos seus direitos.

Este final infeliz, embora absolutamente esperado, deixa-nos na expectativa de um Plano B. Uma solução que incida sobre os problemas mais prioritários, que são muitos, mas principalmente que impulsione um novo fôlego à governação local, não permitindo perder, ainda mais, os factores de atractividade que ainda subsistem.

Os Aveirenses conhecem o início da história sobre a qual, aliás, já se pronunciaram. Conhecem também aqueles que prometeram as soluções “milagrosas” mas só a meio do mandato trataram de as fazer avançar.

E quando avançaram fizeram-no mal. Primeiro porque concentraram num só mecanismo – o empréstimo, o remédio para todos os males. Fundamentaram mal as razões, interpretaram mal a legislação e sobredimensionaram os valores, ou seja, criaram todas as condições para que o Tribunal de Contas pudesse chumbar, como aconteceu.

Ao mesmo tempo nada aconteceu. Não tiveram coragem nem mestria para reduzir os custos, não aumentaram a eficiência, foram populistas e baixaram as receitas e não cuidaram de atrair a Aveiro novos projectos empresariais que dinamizassem a economia local e criassem Emprego.
Aveiro está parado desde 2005, e no mundo em que vivemos, esta estagnação terá repercussões dramáticas no futuro. Bem mais do que todas as dívidas acumuladas.

AUTOR: Gonçalo Fonseca

PRESO POR TER CÃO…

A semana anterior ficou marcada pelo assinalável anúncio do deficit. Atingir a cifra de 2,6% quando há três anos atrás o deficit era de 6,1% é algo de muito positivo, olhe-se do ângulo que se quiser olhar.

Olhemos do lado do Português que anda há 3 anos a ouvir que todos os cortes no investimento, o congelamento de salários, o fim de determinadas regalias (injustas na sua maioria), se justificam pelo facto do seu país ter necessariamente que equilibrar as suas contas públicas. Esse Português percebe hoje, mesmo não concordando, que aquilo que alguém disse há três anos atrás se cumpriu.

Olhemos do lado do Português que desconfia sempre das promessas e das estratégias dos políticos. Esses que “andam lá só para o tacho”, “que são todos iguais”. Terá tido a mesma reacção quando ouviu falar na necessidade de baixar o deficit, quando ouviu o candidato do PS prometer que não aumentava os impostos e logo a seguir, o já primeiro-ministro aumentar os impostos com a justificação que, de outra forma, não era possível atingir os critérios de convergência. Afinal conseguiu-se.

Afinal, da mesma forma que aumentou os impostos, 2% de IVA, estava agora em condições de os devolver aos Portugueses. Não o fez na totalidade, é certo, porque ainda falta um ano para o final do mandato e o objectivo do controlo do deficit mantém-se.

Dirão alguns que anunciou agora esta baixa no IVA porque se aproximam eleições. Então o que deveria fazer? Baixar para ser justo com os seus compromissos e beneficiar-nos a todos ou recear o epíteto de eleitoralismo e guardar a iniciativa para daqui a 18 meses?

AUTOR: Gonçalo Fonseca

Mimar o optimismo mobiliza o desenvolvimento

Está certo o governante que eleva o morar do seu povo para promover a vontade de lutar contra as dificuldades do dia a dia, contra a economia que teima em marcar um passo á frente, outro atrás e não sai do sítio. Mobilizar a vontade é um factor determinante para a mudança de atitude. Portugal precisa de mudar de atitude face ao futuro e á possibilidade de utilizar os mecanismos de desenvolvimento económico que importa impulsionar. O clima de optimismo permite acelerar a economia, aumentar o investimento, gerar consumo, promovendo a rotação do capital, a geração de novos postos de trabalho e a consequente criação de riqueza.

Provavelmente um governante que promove uma baixa de imposto pouco expressiva, para mais quando essa baixa se mostra insignificante quando comparada com as anteriores subidas, que foram mais rápidas, sucessivas e de grandeza superior, então estaremos perante um acto ilusório de redução de imposto. Afinal nem sequer repusemos o nível anterior que este mesmo poder antes tinha alterado. Poderíamos também discutir se 500 milhões é ilusório ou significativo no contexto das contas gerais do estado. Mas a meu ver, muito mais importante é que estamos no caminho certo. Criar um clima de optimismo é uma ajuda determinante no processo de confiança para a retoma do crescimento económico. Por isso haja alegria.

AUTOR: Belmiro Couto