quinta-feira, 13 de março de 2008

AVEIRENSES: ESTACIONAR, ESTACIONAR!

Pode parecer estranho mas não é!
De um lado, alguém que, com os bolsos vazios, anda de mão estendida a recolher uns trocos para fazer alguma obra. Do outro alguém que, com os bolsos cheios, e também com vontade de fazer obra, promete colocar moedinhas na “mão estendida”, que as vai buscar aos bolsos dos Aveirenses.
Decifrando, falo da Autarquia trocar a licença de construção e exploração de parques de estacionamento pela construção e remodelação “gratuita” de escolas, ainda que a gratuidade seja paga com as receitas que advirão da exploração dos parques.
Se a malta estacionar, há escolas para todos. Como diria o “outro” Porreiro pá!
E se assim não acontecer? Se as variáveis mudarem, como é provável em 20 anos? Quem pagará a factura?
Na essência das parcerias público-privada está subjacente a ideia de que o risco tem de ser assumido pela parte privada em nome de uma vantagem inicial. Neste caso, a Autarquia não previu essa situação. O risco não está sequer avaliado.
Era bom, a bem do interesse das futuras gerações, que os Aveirenses exigissem uma explicação cabal e transparente deste negócio e que os decisores, eles próprios, criassem condições para alargar a discussão sobre este tema.
Desta forma cumpriremos todos, o nosso papel - os eleitos a gerir bem e os cidadãos a participar.

AUTOR: Gonçalo Fonseca

SERÁ JUSTO?

Sou filho de mãe professora e portanto habituado a conviver com o debate e a luta que os agentes educativos vêm travando ao longo das últimas 3 décadas.
Essa entrega da classe à luta é algo que devemos realçar como um facto muito positivo – Os Professores são e serão um pilar fundamental da nossa sociedade e a sua qualidade e profissionalismo servem como barómetro do grau de desenvolvimento do país.
Ao longo dos anos, os sucessivos governos foram resolvendo os problemas mais estruturais. Aqueles em que o papel do estado era decisivo e os Professores eram só espectadores interessados em ter as condições para desempenhar melhor o seu papel.
Entretanto, colocaram-se exigências também aos Professores no sentido de inverter os índices muito negativos de aprendizagem.
AQUI D’EL REY! Soou a rebate o grito de revolta.
Avaliar Professores? Os tais, únicos na função pública em Portugal, que ascendem na carreira por anos de serviço, independentemente do mérito?
Abrir a Escola à Comunidade? Confiando algumas funções de gestão a outros Profissionais bem preparados?
Acreditar nos Professores? Aceitando que uma parte (por sinal bem diminuta) da avaliação possa surgir das notas que os próprios dão aos seus Alunos (não pensando que as vão aldrabar para ter boa avaliação)?
Nada disso. Que injustiça! Essa coisa de não deixar que os nossos Alunos sejam ensinados por quem não está preparado, não se empenha ou não se actualiza.
Esperemos que nos valha agora a perseverança desta Ministra, em favor dos Professores, e contra a instrumentalização da FENPROF, quais instigadores de instabilidade.

AUTOR: Gonçalo Fonseca

“Educação num diálogo deseducado”

Estavam todos de acordo. A mudança é necessária. A avaliação é uma ferramenta essencial do bom desempenho. O modelo de avaliação, sempre imperfeito, tem de se aproximar o mais possível da justiça, imparcialidade, transparência. Nenhum aluno estudaria com o mesmo afinco se não for sujeito a provas, um comercial não se empenha no acto da venda se não for avaliado nos objectivos, um atleta não treina com fervor senão tiver um calendário de competição, os analistas do mercado de valores condicionam as estratégias de resultados das empresas, o médico sujeita-se á avaliação do paciente, o pintor só vende as suas obras quando a arte encanta o coleccionador. Estamos num mundo de avaliação permanente, que promove a melhoria do desempenho. Se estamos de acordo, no seio de uma classe do saber e da ciência, o cidadão não compreende que não se alcancem modelos consensuais. Faça-se, com a abertura que será necessário corrigir e aperfeiçoar num futuro próximo.
O imobilismo será sempre favorável aos que não querem progredir.

AUTOR: Belmiro Couto

“As parcerias da moda”

Estão na moda as PPP, parcerias público privadas. Os jornais anunciam todos os dias acordos e contratos de parceiras do Estado com privados, uma prática agora alargada também às autarquias. Parece um remédio para desbloquear a obtenção de fundos para desenvolver empreendimentos e gerir actividades. Um modelo á primeira vista inteligente que deixa para terceiros o financiamento, reduzindo a divida pública. O Estado somos todos nós, e na falta de outros actores, a era moderna levou ao colectivismo, foi o próprio Estado que assumiu tarefas complexas nos mais diversos domínios de actividade das sociedades desenvolvidas. Essa máquina tornou-se imensa, pesada, pouco operacional. A prática da economia de mercado demonstra que o sector privado consegue gerir com maior eficácia os recursos disponíveis, humanos, técnicos ou financeiros, criando mais valor para os cidadãos. São muitos os exemplos em que as mesmas actividades coexistem em competição directa entre o Estado e os privados, mostrando-se a vantagem dos segundos. A transferência para a iniciativa privada, de parte da responsabilidade da gestão dos projectos de desenvolvimento, será pois um mecanismo de desenvolvimento que deve merecer a confiança dos cidadãos.
Mas atenção, tal como numa empresa, ou até num casamento, uma parceria só pode dar certo quando há comunhão no sonho de construir um futuro comum, que partilha dos mesmos critérios e pretende fins consonantes. Estaremos no caminho certo quando as parcerias têm uma lógica de proveitos e contrapartidas ? ou se desenvolvem em actividades onde os objectivos são divergentes ? O futuro dirá se assim é, mas não o auguro promissor.
Por isso mesmo, se bem planeadas e geridas, as PPP podem ser excelentes instrumentos de desenvolvimento das comunidades. Não são por isso um novo remédio para resolver endividamentos, devem ser uma ferramenta de desenvolvimento que permite partilhar saberes e capacidades em projectos com objectivos comuns.

AUTOR: Belmiro Couto

sexta-feira, 7 de março de 2008

SINAIS DE ESPERANÇA

Sou um convicto "apoiante" de Barack Obama, desde a primeira hora em que lançou o seu manifesto, já lá vão uns meses. Considerei a auto proclamação da Candidatura um acto de coragem e de esperança, desde logo para os Americanos mas principalmente para todo o Mundo.

Confesso-vos que estava convencido da prematura desistência de Barack, pois pensei que a poderosissima máquina do Partido Democrata iria fragilizar a candidatura ao ponto de ele não se conseguir dar a conhecer. Não aconteceu.

O fénomeno é um ensinamento para o Mundo, o tal mundo que vive resignado à ideia de que isto nao muda, que são sempre os mesmos, que nem vale pena tentar ainda que estejamos absolutamente convencidos da nobreza das nossas ideias e da profundidade dos nossos projectos. É também uma profunda bofetada naqueles que resumem a sua participação civica à critica fácil aos politicos, porque são todos iguais, porque não se esforçam para encontrar soluções, porque são corruptos ou estão ao serviço de interesses ilegitimos e obscuros.

Estas eleições primárias são ainda uma resposta popular ao miserável mandato da administração Bush. Mesmo na facilitada caminhada de Mccain, poucas vezes se ouviram vozes alinhadas com as decisões do "Buschismo".
Os últimos 5 dos 10 anos de administração republicana não deixaram só marcas "entre portas". A escalada do terrorismo não teve estratégia de combate nem adversário à altura, transformando um fenómeno mais localizado numa ameaça generalizada. A incapacidade e incompetência permitiram também que não se corrigissem alguns dos trilhos mais dramáticos da chamada globalização. Continua visivel o desequilibrio entre classes e mantém-se um fosso, cada vez maior, entre os graus de desenvolvimento de determinados paises e continentes.

Não podendo também votar (como alguém dizia, todos deviamos poder votar nas eleições americanas), conforta-me que só Mccain, Hillary ou Barack possam ser Presidentes. São os melhores de entre os que se candidataram e marcam toda a diferença face ao cenário actual.

Naturalmente que espero poder saborear uma vitória de Barack, agora como nas eleições finais. Será um novo recomeço e uma nova esperança para todos nós.

Autor. Gonçalo Fonseca