quinta-feira, 10 de abril de 2008

A ESCOLA, SEGUNDO OS CONSERVADORES!

Vai passando algum tempo sobre os mediáticos acontecimentos na Escola Carolina Michaelis e vão escasseando os vergonhosos aproveitamentos políticos que o caso permitiu. Não só à direita, mas principalmente a Direita aproveitou para exaltar as suas tímidas marcas da ideologia conservadora.

Pela voz dos clássicos guardiões da moral e bons costumes, pugnou-se pela autoridade na escola, pela lógica de submissão de alunos face a professores, pelo regresso da farda, pela cana em riste e pelas palmadas nas mãos. O Partido Popular não hesitou, como nunca hesite nestas situações, em recuperar a frase “antigamente não era nada disto”.

O caso mais repugnante, para mim, surge publicado nas páginas do Publico, pelo punho do seu Director. A Culpa é do filme “Clube dos Poetas Mortos”. O seu conteúdo é um convite à desobediência, à desautorização do Professor. Imaginem lá um aluno agora ter vontade própria? Criatividade? Ou mesmo opinião?

Mas que raio de Escola é possível defender? Um edifico meio escuro, fechado e murado, onde os Professores não se riem e os Alunos não se riem. Onde as verdades são sempre absolutas. Onde o Mundo só passa à volta mas não entra.

A Escola é sim para ensinar, mas principalmente para formar cidadãos de corpo inteiro, que tenham opinião, que criem, que discutam, que questionem, que se interessem, que se envolvam.

Só assim a Escola será uma lugar de confiança!

Autor: José Gonçalo Fonseca

GERIR BEM É PRECISO!

Desde que foram tornados públicos os problemas financeiros com a MOVEAVEIRO, que eram conhecidos mas não a sua dimensão, fiquei perplexo ao perceber dois fenómenos.

Por um lado a passividade da gestão municipal face ao que estava a acontecer com os “seus” funcionários. Do outro lado, a incapacidade da empresa e dos seus gestores em antecipar este cenário e assim precaver a situação.

Sobre a primeira questão parece-me consensual que ninguém distingue, a não ser juridicamente, um funcionário da MoveAveiro de um funcionário de um departamento da Câmara. Se esta questão se tivesse colocado há alguns anos atrás, estaríamos a falar de um desafio para o executivo e certamente que não seria aceitável que determinado número de Colaboradores, só porque exercem tarefas num departamento que é deficitário, (quais não são?), deixassem de receber o seu salário ao final de cada mês. Mas aconteceu, vários meses seguidos.

Mas impressionante é também analisar o comportamento dos gestores da empresa. Face a uma, mais do que previsível e constatável, ruptura financeira e de tesouraria, não conseguiram encontram e antecipar os mecanismos que fizessem face à situação.

Desta forma ter-se-ia salvaguardado os interesses dos trabalhadores, que é o mais importante, mas ter-se-ia evitado também a desvalorização pública da própria empresa quando se coloca como cenário mais do que provável uma intenção de concessão.

Assim, quanto terá de pagar a Autarquia para alguém ficar com este “negócio”?

Autor: José Gonçalo Fonseca

A CULPA NÃO É DOS TELEMÓVEIS

Proibir telemóveis não é a solução para os problemas educativos que o sistema enfrenta. A democratização no acesso ao telemóvel é uma valiosa conquista da sociedade moderna, do munda da informação, da comunicação global, da mobilidade, da portabilidade, da internet. Não podemos regredir numa das mais valiosas conquistas do presente quando um desajuste no uso, faz avançar uma moral castradora das virtudes do desenvolvimento.

A maleita é bem mais profunda, para mal dos nossos pecados. O que se revelou com muita clareza, é a profunda crise de valores que alguns elementos da nossa sociedade juvenil revelam nos seus comportamentos, infelizmente ficamos com a impressão que são uma fatia significativa.

O problema não está nos telemóveis, está na própria escola, na comunidade, mais grave ainda na família. Os comportamentos, são sempre reveladores dos valores morais que os indivíduos assimilam ao longo do seu processo educativo, e quando um episódio pontual degenera numa avalanche colectiva de insultos, achincalhos, palavrões, de agitação, gravações e emissões voyeuristas, então a crise é de valores.

O que falta é respeito, autoridade, fineza, bom comportamento, sentido de solidariedade, boas maneiras, discernimento entre o bem e o mal. Proibir telemóveis não resolve, não traz estes valores á sociedade do futuro, pelo contrário.

Autor: Belmiro Couto

UM SERVIÇO PÚBLICO CONTRATADO

Quando o colectivo, seja o Estado ou a Autarquia, desenvolve uma actividade de interesse comum, sem intuito de lucro, mas antes para servir a sua população na satisfação de uma necessidade básica, estamos perante o serviço público.

A privatização de um serviço público parece por isso um contra censo, á partida, o privado só desenvolve actividades com interesse lucrativo, é essa a forma usual para se interessar por assumir o risco dos investimentos e das operações que vai empreender, por outro lado a satisfação das necessidades da população, será tão mais cumprida quanto mais vantajosa seja a relação de custo benefício que a gestão das operações pode alcançar. O valor acrescentado para o utente de um serviço será maximizado nessa relação entre custo e benefício, tanto quanto maior for a vantagem do utente. Por isso mesmo, a inclusão de uma margem de lucro, pode parecer, á partida, que vai diminuir o interesse do utente em detrimento de uma gestão privada, que vai necessariamente absorver uma margem económica na operação.

Ora a história tem demonstrado que não é assim, pois as economias alcançadas pelo rigor de uma gestão privada, regra geral, libertam uma margem suficiente para cobrir a remuneração do risco e a melhoria da qualidade do serviço prestado. A gestão olha para a margem das operações com os olhos de quem paga os custos que quer minimizar, mas ao mesmo tempo tem de satisfazer os seus utentes de quem depende o aumento das suas receitas, estes são os trunfos catalisadores da boa gestão.

Provavelmente é apenas a designação do acto que está mal aplicada: “Privatização” até parece que se trata apenas de transferir a propriedade “da coisa”, o que muitas vezes nem precisa de acontecer, nem tão pouco importa de quem é “a coisa” se o serviço estiver disponível e for bem prestado.

Se o benefício da gestão privada de facto existe, então falemos de contratação da gestão, de concessão do serviço público, de prestação de um serviço. Por último importa que na prestação de um serviço público, não se sobreponham os interesses privados acima dos colectivos, sejam eles de empresas privadas ou dos corporativismos instalados.

Autor: Belmiro Couto

quinta-feira, 3 de abril de 2008

AVEIRO SEM SOLUÇÕES?

A triste história da situação financeira da Câmara volta a ser noticia pelas mais preocupantes razões. O tribunal de contas chumbou a intenção da Câmara de se contrair um empréstimo para solucionar, no curto prazo, as situações mais dramáticas dos credores que há muito reclamam pelos seus direitos.

Este final infeliz, embora absolutamente esperado, deixa-nos na expectativa de um Plano B. Uma solução que incida sobre os problemas mais prioritários, que são muitos, mas principalmente que impulsione um novo fôlego à governação local, não permitindo perder, ainda mais, os factores de atractividade que ainda subsistem.

Os Aveirenses conhecem o início da história sobre a qual, aliás, já se pronunciaram. Conhecem também aqueles que prometeram as soluções “milagrosas” mas só a meio do mandato trataram de as fazer avançar.

E quando avançaram fizeram-no mal. Primeiro porque concentraram num só mecanismo – o empréstimo, o remédio para todos os males. Fundamentaram mal as razões, interpretaram mal a legislação e sobredimensionaram os valores, ou seja, criaram todas as condições para que o Tribunal de Contas pudesse chumbar, como aconteceu.

Ao mesmo tempo nada aconteceu. Não tiveram coragem nem mestria para reduzir os custos, não aumentaram a eficiência, foram populistas e baixaram as receitas e não cuidaram de atrair a Aveiro novos projectos empresariais que dinamizassem a economia local e criassem Emprego.
Aveiro está parado desde 2005, e no mundo em que vivemos, esta estagnação terá repercussões dramáticas no futuro. Bem mais do que todas as dívidas acumuladas.

AUTOR: Gonçalo Fonseca

PRESO POR TER CÃO…

A semana anterior ficou marcada pelo assinalável anúncio do deficit. Atingir a cifra de 2,6% quando há três anos atrás o deficit era de 6,1% é algo de muito positivo, olhe-se do ângulo que se quiser olhar.

Olhemos do lado do Português que anda há 3 anos a ouvir que todos os cortes no investimento, o congelamento de salários, o fim de determinadas regalias (injustas na sua maioria), se justificam pelo facto do seu país ter necessariamente que equilibrar as suas contas públicas. Esse Português percebe hoje, mesmo não concordando, que aquilo que alguém disse há três anos atrás se cumpriu.

Olhemos do lado do Português que desconfia sempre das promessas e das estratégias dos políticos. Esses que “andam lá só para o tacho”, “que são todos iguais”. Terá tido a mesma reacção quando ouviu falar na necessidade de baixar o deficit, quando ouviu o candidato do PS prometer que não aumentava os impostos e logo a seguir, o já primeiro-ministro aumentar os impostos com a justificação que, de outra forma, não era possível atingir os critérios de convergência. Afinal conseguiu-se.

Afinal, da mesma forma que aumentou os impostos, 2% de IVA, estava agora em condições de os devolver aos Portugueses. Não o fez na totalidade, é certo, porque ainda falta um ano para o final do mandato e o objectivo do controlo do deficit mantém-se.

Dirão alguns que anunciou agora esta baixa no IVA porque se aproximam eleições. Então o que deveria fazer? Baixar para ser justo com os seus compromissos e beneficiar-nos a todos ou recear o epíteto de eleitoralismo e guardar a iniciativa para daqui a 18 meses?

AUTOR: Gonçalo Fonseca

Mimar o optimismo mobiliza o desenvolvimento

Está certo o governante que eleva o morar do seu povo para promover a vontade de lutar contra as dificuldades do dia a dia, contra a economia que teima em marcar um passo á frente, outro atrás e não sai do sítio. Mobilizar a vontade é um factor determinante para a mudança de atitude. Portugal precisa de mudar de atitude face ao futuro e á possibilidade de utilizar os mecanismos de desenvolvimento económico que importa impulsionar. O clima de optimismo permite acelerar a economia, aumentar o investimento, gerar consumo, promovendo a rotação do capital, a geração de novos postos de trabalho e a consequente criação de riqueza.

Provavelmente um governante que promove uma baixa de imposto pouco expressiva, para mais quando essa baixa se mostra insignificante quando comparada com as anteriores subidas, que foram mais rápidas, sucessivas e de grandeza superior, então estaremos perante um acto ilusório de redução de imposto. Afinal nem sequer repusemos o nível anterior que este mesmo poder antes tinha alterado. Poderíamos também discutir se 500 milhões é ilusório ou significativo no contexto das contas gerais do estado. Mas a meu ver, muito mais importante é que estamos no caminho certo. Criar um clima de optimismo é uma ajuda determinante no processo de confiança para a retoma do crescimento económico. Por isso haja alegria.

AUTOR: Belmiro Couto

Uma feira para a família

Foi no século XV que D. Duarte instituiu a feira franca em Aveiro, para promover as trocas necessárias ás sementeiras na região. A feira franca, qual paraíso fiscal, permitia desenvolver o comércio, o encontro de mercadores e as trocas de produtos, desenvolvendo a região. Também em Viseu assim foi criada uma feira irmã desta, a Feira de S. Mateus para logo dar lugar ás colheitas de final da época.

A Feira de Março, ganhou tradição, afirmou-se ao longo do tempo como um evento ímpar no carácter heterogéneo que mistura comércio de pequenos artigos, arte e materiais, com a exposição de novidades em equipamentos domésticos e industriais, a mostra dos últimos modelos de automóveis, barcos e caravanas, com gastronomia, brinquedos mecânicos e espectáculos. Poucas feiras no mundo devem seguir um modelo tão diversificado e rico de surpresas, que cativa várias centenas de milhares de visitantes rivalizando com os melhores certames profissionais dos grandes centros de exposições.

Em verdade a Feira de Março, é muito mais que uma exposição, tem um lado muito humano que quer ser o ponto de encontro dos Aveirenses, não saberão tirar o melhor partido desta festa, aqueles que não lhe descobrem o lado humanista no meio de tantas novidades e diversões. É lá onde vamos visitar com interesse profissional, até já conhecemos os comerciantes de uns anos para outros, mas esta é a feira onde também passeamos com a família, com os avós, levamos os filhotes aos carrosséis, marcamos encontro com os amigos nas farturas, durante um mês seremos uma região mais humanizada porque temos a Feira de Março.

Assim se mantenha esta tradição, com muitas novidades e novos brinquedos mecânicos, mas onde o homem, a família, os amigos, são o lado revelador deste evento.

AUTOR: Belmiro Couto

quinta-feira, 13 de março de 2008

AVEIRENSES: ESTACIONAR, ESTACIONAR!

Pode parecer estranho mas não é!
De um lado, alguém que, com os bolsos vazios, anda de mão estendida a recolher uns trocos para fazer alguma obra. Do outro alguém que, com os bolsos cheios, e também com vontade de fazer obra, promete colocar moedinhas na “mão estendida”, que as vai buscar aos bolsos dos Aveirenses.
Decifrando, falo da Autarquia trocar a licença de construção e exploração de parques de estacionamento pela construção e remodelação “gratuita” de escolas, ainda que a gratuidade seja paga com as receitas que advirão da exploração dos parques.
Se a malta estacionar, há escolas para todos. Como diria o “outro” Porreiro pá!
E se assim não acontecer? Se as variáveis mudarem, como é provável em 20 anos? Quem pagará a factura?
Na essência das parcerias público-privada está subjacente a ideia de que o risco tem de ser assumido pela parte privada em nome de uma vantagem inicial. Neste caso, a Autarquia não previu essa situação. O risco não está sequer avaliado.
Era bom, a bem do interesse das futuras gerações, que os Aveirenses exigissem uma explicação cabal e transparente deste negócio e que os decisores, eles próprios, criassem condições para alargar a discussão sobre este tema.
Desta forma cumpriremos todos, o nosso papel - os eleitos a gerir bem e os cidadãos a participar.

AUTOR: Gonçalo Fonseca

SERÁ JUSTO?

Sou filho de mãe professora e portanto habituado a conviver com o debate e a luta que os agentes educativos vêm travando ao longo das últimas 3 décadas.
Essa entrega da classe à luta é algo que devemos realçar como um facto muito positivo – Os Professores são e serão um pilar fundamental da nossa sociedade e a sua qualidade e profissionalismo servem como barómetro do grau de desenvolvimento do país.
Ao longo dos anos, os sucessivos governos foram resolvendo os problemas mais estruturais. Aqueles em que o papel do estado era decisivo e os Professores eram só espectadores interessados em ter as condições para desempenhar melhor o seu papel.
Entretanto, colocaram-se exigências também aos Professores no sentido de inverter os índices muito negativos de aprendizagem.
AQUI D’EL REY! Soou a rebate o grito de revolta.
Avaliar Professores? Os tais, únicos na função pública em Portugal, que ascendem na carreira por anos de serviço, independentemente do mérito?
Abrir a Escola à Comunidade? Confiando algumas funções de gestão a outros Profissionais bem preparados?
Acreditar nos Professores? Aceitando que uma parte (por sinal bem diminuta) da avaliação possa surgir das notas que os próprios dão aos seus Alunos (não pensando que as vão aldrabar para ter boa avaliação)?
Nada disso. Que injustiça! Essa coisa de não deixar que os nossos Alunos sejam ensinados por quem não está preparado, não se empenha ou não se actualiza.
Esperemos que nos valha agora a perseverança desta Ministra, em favor dos Professores, e contra a instrumentalização da FENPROF, quais instigadores de instabilidade.

AUTOR: Gonçalo Fonseca

“Educação num diálogo deseducado”

Estavam todos de acordo. A mudança é necessária. A avaliação é uma ferramenta essencial do bom desempenho. O modelo de avaliação, sempre imperfeito, tem de se aproximar o mais possível da justiça, imparcialidade, transparência. Nenhum aluno estudaria com o mesmo afinco se não for sujeito a provas, um comercial não se empenha no acto da venda se não for avaliado nos objectivos, um atleta não treina com fervor senão tiver um calendário de competição, os analistas do mercado de valores condicionam as estratégias de resultados das empresas, o médico sujeita-se á avaliação do paciente, o pintor só vende as suas obras quando a arte encanta o coleccionador. Estamos num mundo de avaliação permanente, que promove a melhoria do desempenho. Se estamos de acordo, no seio de uma classe do saber e da ciência, o cidadão não compreende que não se alcancem modelos consensuais. Faça-se, com a abertura que será necessário corrigir e aperfeiçoar num futuro próximo.
O imobilismo será sempre favorável aos que não querem progredir.

AUTOR: Belmiro Couto

“As parcerias da moda”

Estão na moda as PPP, parcerias público privadas. Os jornais anunciam todos os dias acordos e contratos de parceiras do Estado com privados, uma prática agora alargada também às autarquias. Parece um remédio para desbloquear a obtenção de fundos para desenvolver empreendimentos e gerir actividades. Um modelo á primeira vista inteligente que deixa para terceiros o financiamento, reduzindo a divida pública. O Estado somos todos nós, e na falta de outros actores, a era moderna levou ao colectivismo, foi o próprio Estado que assumiu tarefas complexas nos mais diversos domínios de actividade das sociedades desenvolvidas. Essa máquina tornou-se imensa, pesada, pouco operacional. A prática da economia de mercado demonstra que o sector privado consegue gerir com maior eficácia os recursos disponíveis, humanos, técnicos ou financeiros, criando mais valor para os cidadãos. São muitos os exemplos em que as mesmas actividades coexistem em competição directa entre o Estado e os privados, mostrando-se a vantagem dos segundos. A transferência para a iniciativa privada, de parte da responsabilidade da gestão dos projectos de desenvolvimento, será pois um mecanismo de desenvolvimento que deve merecer a confiança dos cidadãos.
Mas atenção, tal como numa empresa, ou até num casamento, uma parceria só pode dar certo quando há comunhão no sonho de construir um futuro comum, que partilha dos mesmos critérios e pretende fins consonantes. Estaremos no caminho certo quando as parcerias têm uma lógica de proveitos e contrapartidas ? ou se desenvolvem em actividades onde os objectivos são divergentes ? O futuro dirá se assim é, mas não o auguro promissor.
Por isso mesmo, se bem planeadas e geridas, as PPP podem ser excelentes instrumentos de desenvolvimento das comunidades. Não são por isso um novo remédio para resolver endividamentos, devem ser uma ferramenta de desenvolvimento que permite partilhar saberes e capacidades em projectos com objectivos comuns.

AUTOR: Belmiro Couto

sexta-feira, 7 de março de 2008

SINAIS DE ESPERANÇA

Sou um convicto "apoiante" de Barack Obama, desde a primeira hora em que lançou o seu manifesto, já lá vão uns meses. Considerei a auto proclamação da Candidatura um acto de coragem e de esperança, desde logo para os Americanos mas principalmente para todo o Mundo.

Confesso-vos que estava convencido da prematura desistência de Barack, pois pensei que a poderosissima máquina do Partido Democrata iria fragilizar a candidatura ao ponto de ele não se conseguir dar a conhecer. Não aconteceu.

O fénomeno é um ensinamento para o Mundo, o tal mundo que vive resignado à ideia de que isto nao muda, que são sempre os mesmos, que nem vale pena tentar ainda que estejamos absolutamente convencidos da nobreza das nossas ideias e da profundidade dos nossos projectos. É também uma profunda bofetada naqueles que resumem a sua participação civica à critica fácil aos politicos, porque são todos iguais, porque não se esforçam para encontrar soluções, porque são corruptos ou estão ao serviço de interesses ilegitimos e obscuros.

Estas eleições primárias são ainda uma resposta popular ao miserável mandato da administração Bush. Mesmo na facilitada caminhada de Mccain, poucas vezes se ouviram vozes alinhadas com as decisões do "Buschismo".
Os últimos 5 dos 10 anos de administração republicana não deixaram só marcas "entre portas". A escalada do terrorismo não teve estratégia de combate nem adversário à altura, transformando um fenómeno mais localizado numa ameaça generalizada. A incapacidade e incompetência permitiram também que não se corrigissem alguns dos trilhos mais dramáticos da chamada globalização. Continua visivel o desequilibrio entre classes e mantém-se um fosso, cada vez maior, entre os graus de desenvolvimento de determinados paises e continentes.

Não podendo também votar (como alguém dizia, todos deviamos poder votar nas eleições americanas), conforta-me que só Mccain, Hillary ou Barack possam ser Presidentes. São os melhores de entre os que se candidataram e marcam toda a diferença face ao cenário actual.

Naturalmente que espero poder saborear uma vitória de Barack, agora como nas eleições finais. Será um novo recomeço e uma nova esperança para todos nós.

Autor. Gonçalo Fonseca

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

“a velha lei da selva”

O reconhecimento da auto proclamação da independência do Kosovo, levanta duas questões graves de violação do acordo das nações: quanto á estabilidade das fronteiras internacionais estabelecidas, mais ainda, a ingerência na política interna da Sérvia. Mas é aqui que a questão parece residir. A Sérvia sai fragilizada em todo o processo de “balcanização” da antiga Checoslováquia, a posição mais conservadora e ortodoxa, as atrocidades do antigo líder, alimentaram inimizades com a comunidade ocidental. O Kosovo, com uma imagem fortalecida, lidera um processo do qual parece sair vencedor. É afinal a velha da selva. O leão simpatizou com o Kosovo, deu-lhe resguardo, e a hiena já não conseguiu atacar. No caso do Tibete, a simpatia também existe, mas já ninguém se mete com o elefante. É mesmo a velha lei a funcionar, aplicada á diplomacia internacional. Esta mesma lei, mas aplicada á economia, virá depois mostrar que uma Estado muito pequenininho não é provavelmente viável. Tem que ter uma máquina imensa só para se fazer funcionar a si próprio e assumir as funções de um Estado. É uma questão política mas se calhar os novos Estados deveriam passar a ter que apresentar um “Business Plan” num qualquer guichet da ONU, para garantir a viabilidade económica financeira antes de poderem ser independentes.

Autor: Belmiro Couto

“A culpa é da desorçamentação”

Apesar do revés verificado em Lisboa, o Executivo de Aveiro mantém a expectativa do muito desejado Plano de Saneamento Financeiro, assente num instrumento essencial que será um financiamento bancário de longo prazo, destinado a pagar as contas em atraso aos credores do Município. Uma observação ligeira ao executivo pelo tardio da solução, ainda que seja fácil aos comentadores classificar atrasos sem conhecer as complexidades das soluções; mas um comentário mais profundo merece a identificação das causas de tal situação. Pois o Município necessita de um financiamento para pagar dívidas. Mas que são devidas pelas obras feitas. E porque foram feitas. Mas afinal estavam devidamente orçamentadas no seu essencial, como deve ser. E foram realizadas nos termos legais, com todos os concursos e procedimentos. Os órgãos autárquicos deliberaram e aprovaram, essas obras, o que está correcto. O tribunal de contas colocou o visto, conforme diz a lei. Então o que é que correu mal? De facto as contas públicas necessitam de instrumentos eficazes de controlo da realização da despesa, directamente ligados com a contabilização da receita. Aqui é que a “cidade digital” deveria colocar as coisas “on-line”. Infelizmente, no sistema democrático, os ciclos eleitorais permitem criar expectativas de crescimento da receita acima do que realmente se pode esperar. Os orçamentos efusivos assim criados, são aprovados pelos Executivos e pelas Assembleias, autorizam a realização da despesa, com visto do Tribunal de Contas, tudo legal. Depois, com uma receita insuficiente, resta “o buraco financeiro”. O dinheiro não chegou, ano após ano. Ficam os credores. Muitos credores. Cortam os fornecimentos. Então é preciso o saneamento financeiro.

Autor: Belmiro Couto

PESSOAS COMO NÓS

Tal como no caso de Timor e muitos outros, tento olhar para os fenómenos das relações entre os povos destacando os aspectos que têm que ver com as pessoas e com a sua tenacidade.

Este 7º estado da ex-Jugoslávia assume agora um novo trilho, após uma luta incessante pela afirmação de uma cultura e de uma idiossincrasia próprias, resistindo estoicamente à imposição de um modelo político e religioso protagonizado por um (outro) povo.

A auto proclamação da independência é um grito de revolta e coragem, que não se deve confundir com um qualquer capricho ou estado de espírito conjuntural. Aliás, a reacção da comunidade internacional é paradigmática: De forma mais tímida ou mais assumida, temos uma maioria generalizada de Países que reconhecem a independência do Kosovo.

Saiba agora a Comunidade Internacional integrar este novo Estado. Afinal, o Povo do Kosovo, são pessoas como nós.

Autor: Gonçalo Fonseca

SE O EMPRÉSTIMO FALHAR?

Para que estejamos com a nossa consciência tranquila, vale a pena não esquecer onde estão a causa das coisas. Para os Aveirenses há duas ideias que são claras: A primeira é a de que foi no mandato de Alberto Souto que se contraiu esta pesadíssima herança financeira. A segunda é a de que a actual Câmara recebeu um mandato para governar onde a “palavra de ordem” era o saneamento financeiro da Autarquia.

Ora se sobre a primeira situação, já houve consequências – Alberto Souto perdeu a Câmara, sobre a segunda, as esperanças são muito reduzidas.

Ao fim de dois anos e meio a única solução apresentada é um pedido de empréstimo, que, para além de não resolver o problema, antes o agravar e adiar, pode ter um final idêntico ao de outras Autarquias. Ou seja, é chumbado.

Haverá Plano B? Ou manter-se-á “sine die” aquela batida desculpa de não se poder fazer nada por falta de dinheiro?

Autor: Gonçalo Fonseca

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Como nasce este Blog?

Fomos desafiados pelo Semanário "O Aveiro" a iniciar uma colaboração quinzenal, publicando opiniões sobre vários temas da actualidade. Não nos recomendaram nem sugeriram assunto especifico ou formato de participação, deixando ao nosso exclusivo critério essa escolha.

Propusemos então que denominássemos a rubrica "fórum público". Porquê? Porque expressa essa mesma vontade de tornar o espaço dinâmico e de participação livre.

Para que tal seja possivel, pois um jornal é um suporte estático, criámos este Blog que permitirá a todos os leitores dar opiniões sobre cada um dos temas abordados. O que pretendemos é lançar questões para o debate público, que faremos através do Semanário "O Aveiro", desafiando todos para poderem comentar e exercer o respectivo contraditório, através da utilização dos comentários no Blog "fórum público".

Na semana intercalar, serão publicados os comentários mais interessantes e criativos de cada um dos dois temas que iremos abordar. A escolha desses comentários será da responsabilidade da Redacção de O AVEIRO sem quaisquer intereferências dos autores dos textos.

Tenderemos a abordar um tema de cariz mais local ou regional e outro de abrangência nacional ou internacional. Sempre que entendermos relevante ou que formos desafiados, teremos todo o gosto em "discutir" outras áreas para as quais nos sintamos capazes de dar opiniões sustentadas.

Nos próximos dias, iniciaremos a colaboração com o Aveiro e a dinamização deste espaço.Aguardamos com expectativa os vossos contributos!